Meu amigo Dauro Veras escreveu dia desses: “Dois perfis que admiro: o de quem consegue fazer da sua morada uma obra de arte; e o de quem faz do corpo em movimento a própria casa.” Posso afirmar, sem falsa modéstia, que faço parte do segundo perfil. Levo comigo a minha casa, mesmo que por fora ela um apartamento recém-alugado e tomado por caixas de papelão, ou uma temporada de dois meses do outro lado do mundo. Carrego o lar no... [+]
Inescapável lembrar das tardes fazendo cuca com a vó Nair quando me perguntam quando e como comecei a cozinhar. Inescapável e delicioso clichê, eu sei. Porque o mundo da comida está mesmo cheio dessas coisas que quase todos sentem e quase todos falam, com pouquíssima ou nenhuma variação. Como ler receitas antes de dormir, ser arrebatada por vontades súbitas de bater um bolinho em madrugadas insones e sentir uma satisfação gigantesca ao usar um tempero que você mesma moeu. Quatre-épices... [+]