Coisas Queridas – Canecas

Caneca Unicef

Não existo sem antes sorver um canecão de café preto. É um prazer inenarrável ao qual me dedico todas as manhãs. E o ritual fica ainda mais gostoso quando passo o café na hora, direto para dentro de uma das minhas canecas preferidas.

Com as constantes mudanças, algumas quebraram-se, outras decidiram por ficar onde estavam. É que às vezes, ao contrário de mim, elas criam raízes, apegam-se aos lugares e não arredam o pé, digo, a asa.

As mais queridas de todas são as da Unicef. Não só por serem lindas e funcionais, nem só por serem produtos de uma instituição de ajuda às crianças. O motivo principal é o fator Dona Gerda.

Para encurtar um pouco a conversa, ela foi apresentada à mãe por uma amiga em comum. Filha de alemães, casada com um militar brasileiro, tinha três filhos. A mais velha, Érika, o do meio, Martin, e a caçula-temporã, Mariane, que nasceu no mesmo dia e ano que eu.

Brincávamos que éramos gêmeas-separadas, que tínhamos duas mães, chamávamos uma à outra de “mana”, passávamos a noite inteira conversando, íamos juntas à praia, brincávamos de escritório e salão de beleza…

Mas eu estava falando mesmo era da Dona Gerda. Ela era Bandeirante, condecoradíssima, cheia de flâmulas, distintivos, medalhas e trevos da amizade. Eu achava aquilo tão lindo! Não intentava ser Bandeirante, sabia que aquela disciplina toda não combinaria comigo, mas gostava de ver os eventos e cheguei a ir a algumas reuniões junto com a Mariane.

Além das intensas atividades ligadas ao bandeirantismo, Dona Gerda cuidava de um quiosque da Unicef. Se a vista não me pisca, ela era uma espécie assim de central de abastecimento e controle. Em outubro/novembro chegavam os catálogos e semanas depois começavam a aportar as encomendas. Caixas e caixas de papel de carta, camisetas, joguinhos educativos, enfeites, agendas e as canecas. Ah, as canecas!

Foi ela quem me deu a primeira, com estampa de arabescos mui delicados, desenho feito por uma moça da Turquia. Um tempo depois, já maiorzinha, todo ano eu comprava uma. Poucas vezes falhei, fosse porque estava longe e não achava um quiosque da Unicef, fosse porque os modelos não me apeteciam.

Dona Gerda foi uma influência poderosíssima em minha personalidade cozinheira. Senti-me deveras importante quando, aos nove anos, ela me pediu que escrevesse os rótulos para suas geléias de pitanga.

E ela era brava, mas nem ralhou comigo quando quebrei a jarra de vidro de sua cafeteira. Acho que ela já sabia que meus ímpetos de bater bolinho seriam mais fortes do que o medo de destruir a cozinha 😀


Categorised as: Escritos


15 Comments

  1. Akemi disse:

    Dadi, acertou mesmo que eu iria adorar este post! Que canequinha mais liiiiinda! Amei!!!! E esta história da dona Gerda é de uma singeleza só! Como te disse, só conhecia os cartões da Unicef, eu realmente adorei esta canequinha, é uma pena que não tenha por estes lados onde moro. Essa parte de criar raízes bateu direitinho comigo!

  2. Karla disse:

    Dadi, estudei num colégio de freiras alemãs, vindas pro Brasil no pós guerra e tenho maravilhosas lembranças de todas elas, especialmente de Ir. Benícia que com seus famosos Nicolaus, um biscoito de gengibre e especiarias feitos no Natal e Páscoa, despertou-me a vontade de aprender a cozinhar desde cedo.
    Beijo

  3. Regina disse:

    Dadivosa,
    linda sua caneca e ainda com dupla função 🙂
    bjs

  4. Karla disse:

    Não podia deixar de comentar que amei o post e a d. Gerda, uma fofa, assim como as canecas com dupla função como bem disse a Regina.
    Beijo

  5. renata lampião disse:

    Dadivosa, ainda nao vi a história da Dona Gerda mas que canequinha mais fofa. Faz tempo não vou a Unicef ver as novidades. Essa eu preciso ter rs. Parece artigo de conto de fada. bjinhos

  6. Dadivosa disse:

    Akemi, essa semana fui espreitar os modelos num quiosque aqui perto de casa e não são assim tão queridos. Quem sabe no ano que vem, né?

    Karla, e você conseguiu a receitinha dos biscoitos de gengibre da Irmã?

    Regina, estou super lerda hoje… o que seria a dupla função?

    renata, é bem antiguinha, e as novas não são tão bonitas, mas não desisti e farei uma diligência em outros quiosques para verificar 😀

    ;***

  7. Cris disse:

    Dadivosa:

    Que caneca fofa. Adorei a história da D. Gerda. São pessoas que a gente nunca vai esquecer, né? Eu tenho uma canequinha igual, que comprei há anos de uma promoção que a Unicef fez para funcionários do banco Itaú. Comprei essa e mais uma, além de alguns jogos americanos. Nunca mais vi umas tão bonitinhas!

    Beijos,

    Cris

  8. Regina disse:

    Dadi,
    servir um cafezinho quente e ainda fazer uma boa ação (unicef) 🙂

  9. Anna Tavares disse:

    Dadi
    Simplesmente adoro canecas!!! São minha paixão. Todo santo dia pela manhã se eu não degustar um café com leite bem quentinho na minha caneca, o meu dia não está completo.
    Tenho uma que trouxe dos USA, que amo de paixão.
    Bjs
    Anna Tavares

  10. Dadivosa disse:

    Cris, ainda falarei mais da Dona Gerda por aqui. Sobre as canequinhas da Unicef, lá isso é bem verdade… faz um tempo que não encontro estampas originais.

    Regina, é claro! Que cabecinha, a minha, né?

    Anna, a gente sempre tem umas preferidas, né? Essas da Unicef, pra mim, têm o tamanho ideal para começar o dia 😀

    Beijos

    ;***

  11. sonianovaes disse:

    Dadi

    Sou apaixonada por canecas…as de Minas então nem se fala…trago de todas as cores e tamanhos…de ágata…he!he!
    Quando vc vier na minha casa…vou passar para vc um cafézinho moído na hora…orgânico e mineiro…vai amarrrr…
    Sobre o Encontro comentarei no meu blog…foi bárabaro adorei conhecer todas voces…
    Beijos no coração…
    Sonia Novaes

  12. Rejane disse:

    Fim de semana passado fizemos um amigo oculto entre amigos e os presentes eram… CANECAS!!!! Cada uma mais linda que a outra, a minha bem coloridinha com um alto relevo de vaquinha atrás de uma cerquinha, coisa mais fofa!! rsrsrs

  13. valentina disse:

    Que linda caneca, Dadi! Estas crianças sÃo doces, meigas. Deve dar ate prazer tomar algo nesta caneca.

  14. […] O primeiro microondas que vi na vida foi na casa da Dona Gerda (aquela das canecas da Unicef). Ele tinha o acabemento em madeira, era grande e a programação era feita por um botão de girar, como um dial. […]

  15. […] maravilhada, que as estações do ano podiam ser marcadas pelas frutas de época que viravam geléia caseira. Foi lá também que comi as primeiras comidas mineiras, vi os primeiros calendários de Natal […]

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