Dobrei o cantinho da página 184 de The Favorite Game, do Leonard Cohen – pausa para longo suspiro ao lembrar do show dele, presente-surpresa. Ele raramente fala de comida, mas menciona os jantares que o protagonista Lawrence dividia com Shell. Descreve a mesa posta, a luz de velas e “A comida elaborada que os amantes cozinham um para o outro, cozida no vinho e presa por palitos de dente.” E fala que também tem os hilários banquetes matinais feitos com latas e caixas congeladas.
Dez páginas adiante, outra dobra no canto da página, outra mulher, Tamara. Lawrence propõe que eles não descubram nada de novo sobre si mesmos. “Isso é preguiça ou amizade?”, ela pergunta. “É amor!”.
A comida dos amantes, ao contrário do que nos querem fazer crer os menus-publicidade do dia dos namorados, também é o resto daquele mesmo jantar à luz de velas dos comerciais, a pizza requentada, pote de sorvete em cima da cama ou tudo isso ao mesmo tempo em manhã de risadas preguiçosas.
Porque assim como um silêncio confortável é amizade selada, preguiça também é amor.
Delícia de post.
;***
Que lindo! <3
Eu sempre passo por aqui como quem visita uma casa íntima na qual nunca morou, mas da qual sente saudade. Na casa da Dadi o forno está sempre quente, as unhas sempre pintadas e os pés descalços ou em sapatilhas cor de rosa. E eu leio como quem toma um prato de sopa quente numa noite fria.
Obrigada!
Puxa, Jana. O forno está sempre quente, mas as unhas hoje estão arruinadas, coitadas! Obrigada pelas visitas e pelo comentário querido ;***